quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Eu carrego nas asas


Eu carrego nas asas
Meus dias
Minhas noites
Meus sóis
Minhas sombras
Meu mundo
Minhas pessoas
Meus sonhos
Meus medos.
Ás vezes acho meu fardo pesado demais...
Mas dizem que nos é dado aquilo que pudemos suportar.
Sinto-me pequena
Diante de tudo que carrego
E suporto
Muitas vezes calada
Sozinha
Assustada.
Mas mesmo assim insisto em voar
E levo adiante meu destino.
Vou com elas.
Duas.
Nunca três ou cinco.
Sempre duas.
Sempre irmanadas e companheiras.
Sempre aliadas e cúmplices de vôo.
Asas...
Não são elas os maiores convites a sonhar?
A pensar? A voar?
Vou onde meu pensamento me levar.
Se elas me foram dadas
É um disperdício não voar e arriscar.
Sou uma criatura alada das alturas...
Uma criatura liberada.
Vou me atirar no precipício da imaginação
E acreditar que ser o que sou
Me levará as alturas.
Voem!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Mesmo sem asas...




Há sempre um bom anjo à nossa volta,
Seja em todo e qualquer momento,
Com ódio, rancor, maldade e revolta,
Ele resguarda todo o nosso sofrimento.
Ele sofre conosco e suas asas caem,
Ajoelha-se por nós e por nós intercede,
Quando nossas forças físicas se esvaem,
Ajuda a outro anjo ele também pede.
Ele sempre nos guarda, mesmo sem as asas,
Quando parecemos estar ilhados e perdidos,
Aquece com amizade o nosso coração em brasas,
Partiram-se suas asas, mas não os sentidos.
Em algum grande momento de despreparo,
Grito sem dó e nenhuma outra piedade,
Com sua linda e simples voz me deparo,
“Não tenho asas, mas ofereço amizade”.
À medida que o tempo passa eu o acompanho,
Vejo seu desvelo, sua simples humildade,
Parece que vejo o despertar de um sonho,
Aprendo com um anjo um pouco de caridade.
Minha casta esperança que não mais existia,
Vejo em asas que não imaginava mais crescer,
Quando a luz do sol vem e me irradia,
Decido por mim em não desistir e vencer.
“Eu já fui um anjo de asas partidas,
Orgulho ferido, maldade sem nenhum dó,
Encontrei -te, curas-te minhas feridas,
Mesmo que não veja, nunca me deixaras so.

Da angùstia...



Da angustia, eu teço mais coragem.
Um salto maior eu dou se me acorrentam.
Da dor da poda eu renasço inteira
Saio a melhor rosa da roseira.

Do cinza frio do asfalto
Do vermelho sangue nos olhos do bandido
Eu ergo minha bandeira ao alto: lilás e rosa.
Outra fada teria fugido...

Eu encanto, crio, expando.
Mesmo que minhas asas tremam
Mesmo que estejam amarradas
Eu vôo.
Mesmo que o medo açoite-me à noite
E a dúvida surja em eu caminho.

Do piloto automático eu fujo
Da venda nos olhos - que já são cegos...
Não quero a vibração das pedras
Quero a velocidade da luz.
“ Às vezes, as boas noticias vêm disfarçadas de más...
É preciso ver através, o que a vida está  a querer realmente nos mostrar.”

terça-feira, 6 de setembro de 2011

De verdade



Quem está dentro da nossa vida, de verdade, sempre sabe o que se passa com a gente: como estamos, onde estamos, o que fazemos. Sabe o que estamos a  enfrentar, o que não fazemos mais, no que evoluímos, e quais nossos sonhos e medos atuais.
Quem está dentro da nossa vida, de verdade, liga quando a gente menos espera (não faz cerimônia), não espera ser convidado, aparece "só pra nos ver"... Troca palavras, olhares, dá colo: dá conselhos, dá o ouvido, só, simplesmente.
Quem está dentro da nossa vida, de verdade, respeita nosso tempo, sabe quando nos recolhemos e sabe por que. E cutuca, cobra, empurra pra frente (enquanto outros somem)... enquanto outros pensam muitas coisas erradas a respeito de nós.
Quem está dentro da nossa vida, de verdade, sabe o que é dor, o que é manha, conhece nosso olhar, sente  nossa voz através do telefone... Sabe o que nos relaxa,  o que nos cansa,  o que  faz a gente  rir, sabe a guloseima que trazer, traz pequenos mimos, uma flor.
Quem está dentro da nossa vida, de verdade, pode não estar todos os dias em contato, pode estar do outro lado da cidade, do mundo, no campo, na guerra: mas TEM A SINTONIA, a intimidade sem horário e frescuras e sem  aquelas palavras cuidadosamente medidas antes de sair da boca.
Quem está dentro da nossa vida, de verdade, também tem a gente de verdade na vida delas! É um caminho transparente e profundo e sensível e respeitável e lindo: tem beijo, tem abraço, tem alguém querendo nosso bem, vibrando com nossas conquistas, ajudando, alguém feliz de verdade pela gente. Não têm inveja, competição, frieza, egoísmo ou sorrisos amarelos. E eu quero caminhos assim, quero relações assim: De Verdade!

domingo, 4 de setembro de 2011

Motivo

 


A Grande Mãe em mim habita
E a vida cresce ao meu redor
As flores se abrem, os frutos amadurecem
Eu sou o centro do universo
Eu sou o poder que jamais enfraquece.

Eu sou a feiticeira antiga perseguida
A mulher das ervas, da lua, da dança
Eu sou a mulher temida na rua
A anciã, a jovem, a eterna criança.

Renasci de minhas cinzas
O corpo é frágil, a alma não.
Sou mulher guerreira, mulher de escolhas
O destino está na palma da minha mão.

Desertos solitários e quentes, noites escuras, vendavais...
Não perco minhas diretrizes
Ou viemos da guerra morta de baixo de nossos punhais
Ou mais fortes em cima de nossas cicatrizes.

A Grande Mãe em mim habita
E todo amor hei de passar.
Não temerei, nem duvidarei
Hei de plantar e colher e amar.
E assim viverei meus dias
Sempre a vida celebrar.